Linguagem culta e coloquial: como o assunto aparece no Enem?

Postado em 17 de nov de 2022
Loading...

Você já percebeu que a linguagem que você usa para conversar com seus amigos no dia a dia não é a mesma linguagem que usa para escrever um trabalho para a escola? 

As suas mensagens de texto costumam ser mais informais, mas as suas redações são mais formais. A diferença está em utilizar de forma consciente a norma culta ou não. 

Quando você faz isso, quando utiliza formas diferentes da língua portuguesa a depender do ambiente e de com quem está conversando, está utilizando a linguagem culta e coloquial. 

Esse é um dos assuntos que mais aparecem entre as questões de português no Enem, e também é um entendimento essencial na hora de fazer a redação. 

Quer saber como se sair bem lidando com a linguagem culta e coloquial no Enem? Continue lendo! 

Neste artigo, vamos falar sobre a diferença entre elas, dar exemplos de questões que já caíram no exame e falar sobre qual das duas linguagens utilizar na redação do Enem. 

Confira:

 

 

O que é linguagem culta e coloquial? 

Quando falamos sobre linguagem culta e coloquial, estamos falando sobre variações linguísticas. 

Essas variações acontecem na língua portuguesa especialmente porque vivemos em um país de dimensões continentais e a língua nunca será igual em um estado como é no outro. 

Sotaques e regionalismos, por exemplo, são variações linguísticas. 

Porém, a linguagem culta e coloquial não é uma variação ligada a regiões, essas duas formas de usar a língua portuguesa variam devido à formalidade, contexto, interlocutor, etc. 

Por isso, elas também podem ser chamadas de linguagem formal e informal, respectivamente. 

O que é a linguagem culta? 

A linguagem culta é o modo mais formal de se falar e escrever, utilizado em situações mais sérias e oficiais, é uma linguagem mais preocupada com as normas de gramática e pronúncia. 

Como o próprio nome já diz, a linguagem culta está pautada na utilização da norma culta. Confira as principais características desse tipo de linguagem: 

  • É usada em situações formais e em documentos oficiais; 
  • Tem maior preocupação com a pronúncia das palavras; 
  • Usa da norma culta; 
  • Não se utiliza de gírias. 

O que é a linguagem coloquial? 

Por sua vez, a linguagem coloquial é uma forma mais informal e cotidiana de comunicação. 

Nesse tipo de linguagem não existe uma preocupação com a norma culta, então ela pode ser mais espontânea e conter diversos regionalismos. 

Veja abaixo uma listagem com as principais características da linguagem coloquial: 

  • É usada em situações informais; 
  • Não se prende à norma culta da língua portuguesa; 
  • Permite expressões próprias da fala, como “se toca” e “pega leve” 
  • Se utiliza das gírias, regionalismos e neologismos; 
  • Emprega as formas contraídas, como “pra” e “tá” 
  • Faz uso de palavras para articular ideias, como “aí” e “então”.

🔵 Leia também: Os assuntos de português que mais caem no Enem

A diferença entre linguagem culta e coloquial 

Como você pode perceber, existem várias diferenças entre a linguagem culta e coloquial. Porém, a principal delas é o contexto em que são utilizadas. 

Em um ambiente mais informal, pode-se utilizar a linguagem coloquial sem maiores preocupações. Porém, quando se está em um ambiente formal, a linguagem culta se faz necessária. 

Durante muito tempo, e algumas pessoas ainda pensam dessa forma, acreditou-se que a linguagem coloquial era um erro e que a forma “correta” de falar e escrever era a linguagem culta. 

Porém, como já vimos neste artigo, as variações linguísticas não são erros. Elas são apenas mais uma forma de se utilizar a língua portuguesa. 

Hoje, os linguistas entendem que a língua é viva e está em constante transformação. Por isso, não há mais espaço para falar que uma forma é certa e a outra é errada. 

Fala-se mais sobre o que é adequado ou inadequado. Por isso, é importante prestar atenção ao contexto quando utilizar uma forma ou outra. 

Descubra quantos cursos de graduação existem no Brasil!

Exemplos de linguagem culta e coloquial 

Para ficar ainda mais claro, vamos dar alguns exemplos abaixo de frases sendo utilizadas dentro da linguagem culta e da linguagem informal: 

  • Realizarei a prova do Enem no próximo final de semana. (linguagem culta) 
  • Vou fazer Enem no próximo fim de semana. (linguagem coloquial) 
  • Gostaria de agradecer aos presentes pela homenagem. (linguagem culta) 
  • Valeu pelo prêmio! (linguagem coloquial) 
  • Vamos ao supermercado realizar compras para o jantar? (linguagem culta) 
  • Vamos no super comprar as coisas pra janta. (linguagem coloquial) 

Percebe como as frases conseguem passar a mesma mensagem, mesmo utilizando formas diferentes de linguagem? E como cada uma dessas linguagens se encaixa melhor no contexto certo?

🔵 Leia também: Quantos pontos precisa para passar no ENEM?

Questões sobre linguagem culta e coloquial no Enem 

E para fixar ainda mais o conteúdo, confira abaixo três questões sobre linguagem culta e coloquial que já apareçam na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. 

Você encontra o gabarito ao final da seção, depois das questões. 

Questão 1 – Enem 2021 

Os linguistas têm notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX. 

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 21 abr. 2015 (adaptado). 

No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que 

  1. a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à idade da pessoa que usa o pronome. 
  2. a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você” caracteriza a diversidade da língua. 
  3. o pronome “tu” tem sido empregado em situações informais por todo o país. 
  4. a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia a inexistência da distinção entre níveis de formalidade. 
  5. o emprego de “você” em documentos escritos demonstra que a língua tende a se manter inalterada. 

Questão 2 – Enem 2020 

Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso pais, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.  BARRETO. L Triste fim de Policarpo Quaresma. 

Disponível em www.dominiopúblico.gov.br   Acesso em 26 jun. 2012 

Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela

  1. situação social de enunciação representada. 
  2. divergência teórica entre gramáticos e literatos. 
  3. pouca representatividade das línguas indígenas. 
  4. atitude irônica diante da língua dos colonizadores. 
  5. tentativa de solicitação do documento demandado. 

Questão 3 – Enem 2019 

Prezada senhorita, tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais.    Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar.    Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador, Sabugosa de Castro 

CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. 

A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre 

  1. o objetivo de informar e a escolha do gênero textual. 
  2. a linguagem empregada e os papéis sociais dos interlocutores. 
  3. o emprego de expressões antigas e a temática desenvolvida no texto. 
  4. as formas de tratamento utilizadas e as exigências estruturais da carta. 
  5. o rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissão do remetente. 

Gabarito 

  • Questão 1 – Alternativa B 
  • Questão 2 – Alternativa A 
  • Questão 3 – Alternativa B 

Qual tipo de linguagem deve ser usada na redação do Enem? 

E agora que nós já falamos sobre o que são as linguagens culta e coloquial e como esse conteúdo pode aparecer dentre as questões, chegou a hora de falarmos sobre a redação do Enem. 

A linguagem que você deve usar na redação é a linguagem culta. A redação do Enem é um texto formal, por isso o exame exige o uso desse tipo de linguagem. 

Além disso, o conhecimento da norma culta pelo candidato é um dos aspectos avaliados pela banca na hora de corrigir a redação, segundo a competência 1. 

As competências de redação são guias utilizados pela banca avaliadora para dar a nota mais apropriada ao candidato. Se você quiser saber mais sobre a correção do Enem, leia este artigo! 

A competência 1 avalia o domínio da escrita formal de língua portuguesa. 

Ou seja, os avaliadores observarão ortografia, acentuação, pontuação, emprego de letras maiúsculas e minúsculas, concordância verbal e nominal, emprego de crase, pronomes e separação de sílabas. 

Por isso, na hora de escrever sua redação, fiquei atento à norma culta. Releia seu rascunho e esteja concentrado na hora de passar o texto para a folha de redação. 

Esperamos que este artigo tenha sido de grande ajuda para você!

Como escolher uma faculdade EAD

Leia também:

Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!

                 
Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.