“Entrar pra dentro”? “Subir pra cima”? Fuja do pleonasmo vicioso!

Postado em 31 de mai de 2022
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No dia a dia, falando com nossos amigos e familiares, é normal cair em alguns vícios de linguagem. Entre os mais comuns, está o pleonasmo, que ocorre normalmente na tentativa de nos expressarmos melhor.

Sabe aquelas expressões “entrar para dentro”, “subir pra cima” ou “repetir de novo”? Elas são exemplos de pleonasmos!

Os pleonasmos por si só não configuram erros gramaticais, mas podem empobrecer o seu texto e repercutir negativamente na sua nota da redação.

Neste artigo, falaremos mais sobre esse vício de linguagem e como evitá-lo. Continue conosco e boa leitura!

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O que é um pleonasmo

O termo pleonasmo é derivado do latim e significa “superabundância”. 

Ele é classificado de duas maneiras, de acordo com a intenção do enunciador do discurso:

O pleonasmo vicioso consiste em uma informação desnecessária/redundante inserida em seu texto. É quando usamos uma palavra que tem o mesmo significado do termo anterior, trazendo assim uma mera repetição da ideia, que nada acrescenta.

Por exemplo, quando você escreve “entrar para dentro”, está utilizando um pleonasmo. Já que o verbo “entrar”, por si só, já engloba a ideia de “ir para dentro” e, portanto, dispensa tal complemento.

Esse tipo de pleonasmo deve ser evitado, especialmente nas redações, porque empobrece o texto e passa a ideia de despreparo por parte do autor.

Mas e o pleonasmo literário? São as redundâncias usadas com intenção poética. Nesses casos, o pleonasmo é considerado uma figura de linguagem.

Portanto, o pleonasmo literário é utilizado intencionalmente como recurso estilístico e semântico para reforçar o discurso de seu enunciador.

Um exemplo é o trecho “rir meu riso e derramar meu pranto” da poesia de Vinicius de Moraes. “Rir meu riso” é um pleonasmo, mas no contexto literário se justifica por conferir expressividade ao texto. 

Contudo, nas redações do Enem e vestibulares, que a grande maioria segue o modelo dissertativo-argumentativo, os pleonasmos devem ser evitados. 

Afinal, esse tipo de texto não tem intenção poética, assim, o uso de redundâncias acaba configurando vício de linguagem, o que pode afetar negativamente a sua nota.  

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Tipos de pleonasmo

Existem dois tipos de pleonasmo: semântico e sintático. A seguir, explicamos mais sobre cada um deles:

Pleonasmo semântico

É o pleonasmo que está relacionado ao significado de uma expressão, por exemplo:

Vi com os meus próprios olhos o quanto ele comeu no rodízio.

Quando alguém diz que viu algo, está implícito, no significado do próprio verbo, que a pessoa viu com os olhos. Assim, “ver com os próprios olhos” é uma redundância do significado do verbo “ver”.

O mesmo ocorre nos exemplos a seguir:

Ele vivia a vida de forma despreocupada.

Ela viu que eu chorei muitas lágrimas com sua partida.

Nesses exemplos, são ressaltados os atos de viver e chorar, com base em repetições associadas ao significado desses verbos, já que viver implica em ter vida; e chorar, em lágrimas.

Portanto, “vida” e “lágrimas” são pleonasmo semânticos.

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Pleonasmo sintático 

O pleonasmo sintático é construído por meio da relação entre os termos da oração ou período. Confira o exemplo:

A ele não lhe cabe decidir quem irá na viagem ou não.

Nesse caso, veja que o verbo “caber” exige um complemento indireto, no caso, o pronome “lhe”. No entanto, “lhe” é o mesmo que “a ele” . 

Portanto, quando o enunciador usa a expressão “a ele” no começo da oração, ocorre um pleonasmo sintático, devido à repetição do objeto indireto.

O mesmo acontece na frase a seguir:

Os armários é preciso organizá-los o mais breve possível.

No exemplo acima, observamos que “os armários” é o complemento direto do verbo “organizar”. 

Esse objeto direto é repetido por meio do pronome “los”, que se refere aos livros. Desse modo, a expressão “os livros” se torna um pleonasmo.

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Exemplos de pleonasmo vicioso

A seguir, trazemos mais alguns exemplos de pleonasmo vicioso. Confira:

  • subir para cima
  • monopólio exclusivo
  • voltar atrás
  • descer para baixo
  • ganhar grátis
  • preconceito intolerante
  • sair para fora
  • encarar de frente
  • sintomas indicativos
  • entrar para dentro
  • multidão de pessoas
  • fato verídico
  • cego dos olhos
  • amanhecer o dia
  • suicidou a si mesmo
  • gritar alto
  • criação nova
  • comer com a boca
  • pessoa humana
  • repetir de novo
  • surdo do ouvido
  • hemorragia de sangue
  • planejar antecipadamente
  • países do mundo
  • viúva do falecido
  • isto é um fato real
  • de chapéu na cabeça
  • acabamento final
  • na minha opinião pessoal
  • elo de ligação
  • certeza absoluta
  • maluco da cabeça
  • abusar demais
  • juntamente com
  • goteira no teto detalhes minuciosos
  • em duas metades iguais
  • infarto do coração
  • comparecer pessoalmente
  • há anos atrás
  • de sua livre escolha  
  • outra alternativa
  • anexar junto

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Como o pleonasmo vicioso prejudica sua redação do Enem

Se você não estiver escrevendo um texto literário, o pleonasmo deve ser evitado, principalmente na redação do Enem. 

Quando empregado em um texto dissertativo-argumentativo, o pleonasmo deixa sua produção repetitiva e vaga. 

Um texto que contém pleonasmo pode ser considerado fora dos padrões da língua portuguesa e, portanto, foge à norma culta, que deve ser utilizada em textos formais, como é o caso da redação do Enem e dos vestibulares. 

Em função disso, quanto mais ele aparecer em seu texto, mais pontos você vai perder, o que vai impactar negativamente em sua média final. 

Lembre-se que os avaliadores estão preparados para analisar o seu texto sob diversos aspectos, e é por isso que você deve cuidar bem de todas essas nuances.

🔵Leia também: Como é a correção da redação do Enem? E quem são os corretores?

Mas como efetivamente evitar o pleonasmo na redação do Enem? Confira nossas dicas a seguir!

Como fugir dos pleonasmo na redação

Na maioria das vezes, utilizamos o pleonasmo de forma não intencional e sem ao menos perceber as redundâncias. Por isso, trazemos algumas dicas que podem ajudá-lo a fugir desse problema. 

Confira:

1. Treine muito

Escrever uma boa redação exige prática. 

Sem treinar a sua escrita, você dificilmente vai conseguir expressar corretamente seus argumentos, caindo com facilidade em vícios de linguagem como o pleonasmo.

Para treinar a redação, o ideal é que você escreva duas redações por semana e elabore textos sobre temas variados. 

Assim, à medida que você pratica, mais fácil será a identificação de problemas, ao mesmo tempo que suas ideias se tornam mais fluídas e de fácil compreensão.

2. Sempre revise o texto com atenção

Não custa lembrar que é muito importante separar um tempo da sua prova para revisão.

Muitas vezes, o ato de escrever com pressa deixa passar alguns erros que só serão percebidos em uma leitura mais focada. 

Portanto, busque sempre reservar um período depois da escrita para revisar o texto com calma.

Também é ideal fazer uma releitura final para verificar se ainda persistem alguns erros gramaticais, ortográficos e vícios de linguagem.

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3. Amplie seu vocabulário e invista em sinônimos

Muitas vezes, os pleonasmos são empregados por falta de vocabulário do autor. 

Por isso, é essencial que você não só escreva, mas também leia para ampliar seu repertório. 

Para não fazer nenhuma repetição desnecessária de palavras, você também pode substituir alguma expressão por seu sinônimo. 

Lembre-se que qualquer palavra em excesso deixa o seu texto carregado, pobre de ideias e cansativo de ler.

Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

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Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.